Litoral Norte - Enquanto Rashad Evans luta pelo direito de enfrentar Jon Jones, Chael Sonnen e Michael Bisping disputam uma vaga para encarar Anderson Silva no Brasil. Já Demian Maia terá um duríssimo oponente pela frente.
Serão apenas três lutas, mas o card principal do UFC On FOX 2 tem tudo para seguir o ritmo dos grandes eventos. No United Center, em Chicago, Rashad Evans vai finalmente lutar pelo title shot contra o campeão Jon Jones na categoria dos meio-pesados, no duelo principal da noite. Seu rival será o perigosíssimo prospecto Phil Davis.
Outro combate que vale vaga em disputa de cinturão, neste caso para ambos os atletas, acontecerá entre os fanfarrões pesos médios Chael Sonnen e Michael Bisping. O vencedor vai encarar o campeão Anderson Silva.
A luta que vai abrir a porção transmitida pela FOX nos EUA será entre os médios Demian Maia e Chris Weidman, em confronto que deixará o vencedor bem posicionado entre os dez melhores da categoria.
O canal Combate fará a transmissão ao vivo de todas as lutas, inclusive as do card preliminar, a partir das 20:00h deste sábado.
Rashad Evans (EUA) vs Phil Davis (EUA)
Pelo menos para um dos envolvidos, a luta será um title eliminator. Mas não se surpreenda se acabar se tornando para ambos.
Rashad é um dos atletas de elite do MMA mundial menos compreendidos pelos fãs. Com 18 lutas profissionais, só saiu derrotado uma vez, quando perdeu o cinturão do UFC para Lyoto Machida, e empatou outra, com Tito Ortiz, ainda na fase relevante do ex-campeão. Campeão do TUF 2 entre os pesados, Evans é pequeno até para a categoria atual. Mesmo com um retrospecto tão favorável, há quem o considere enganador ou outro adjetivo que o menospreze.
Wrestler de origem, Rashad passou a tomar gosto pelo boxe e pelos nocautes até ter o novo estilo colocado em risco por Machida. A derrota de 2009 o fez adotar um jogo mais seguro: venceu Rampage e Thiago Silva abusando das quedas e do ground and pound. Trocou de equipe e passou a treinar com os Blackzilians da Imperial Athletics. A mudança surtiu efeito na luta seguinte, quando recebeu Ortiz (que substituiu o próprio Davis no UFC 133) de presente e vingou o amargo empate anterior. Com uma atuação de gala, passou o carro no ex-campeão do jeito que quis, mostrando superioridade técnica e física, nocauteando-o no segundo round.
Se Rashad é mal compreendido pelos fãs, Phil o é pelo próprio adversário. Evans falou que viu Davis em competições universitárias de wrestling. Disse que o rival disputou uma divisão fraca. Bom, ou ele viu mal ou estava mal informado. Davis foi contemporâneo de Ryan Bader e Chris Weidman, dentre outros, na época de Divisão I da NCAA. Foi vice-campeão nacional pela Penn State University em 2006, campeão em 2008 e all-american por quatro anos consecutivos, de 2005 a 2008. A brilhante trajetória universitária lhe rendeu o apelido que carrega até hoje: “Mr. Wonderful” (Senhor Maravilhoso).
Com sua nada tradicional sunguinha rosa, Davis chegou de mansinho ao UFC. Estreou em fevereiro de 2010 vencendo o “mão pesada” Brian Stann, submeteu em seguida o prospecto em crescimento Alexander Gustafsson e passou pelo ninguém Rodney Wallace. Chamou a atenção dos especialistas pelo estilo técnico e dominante. Mas foram nas últimas duas lutas que as pessoas pararam e falaram: “É, este cara é pra valer mesmo”. Contra Tim Boetsch, uma americana tirada da cartola e aplicada nas costas do oponente valeu a Davis o bônus de melhor submissão do UFC 123. Em seguida dominou o experiente Rogério Minotouro por três rounds, impondo seu jogo de quedas. A campanha o levou ao top-10 da talentosa categoria, fazendo com que muita gente o colocasse como o futuro cara a bater o então também prospecto Jon Jones. Davis tem hoje cartel de 9-0, com 5 vitórias no UFC.
Davis tem algumas vantagens físicas sobre Evans. É mais quase 10 centímetros mais alto, tem maior envergadura e é mais forte. Acontece que todos os adversários do pequeno Rashad tinham vantagens semelhantes e apenas um saiu vitorioso. O ex-campeão supera as dificuldades com velocidade, movimentação e precisão nas entradas. Rashad mostrou várias vezes também que é capaz de nocautear um oponente, seja com um soco ou chute, capacidade ainda não mostrada por Davis, que também não tem a experiência do oponente nem foi visto em situação adversa. Em compensação, este sabe variar bem os ataques e domina o clinch como poucos. No chão, é versátil o suficiente para buscar sempre a melhor posição, com passagens de guarda e bons ataques.
O wrestling deve decidir a parada. Na coletiva desta quinta, Rashad disse que a habilidade de Phil na luta olímpica era “um lixo”. Davis retrucou dizendo que o oponente deveria estar “usando drogas pesadas”. Por mais paradoxal que pareça, será vantagem para Rashad aproveitar a velocidade e manter a luta em pé, na média ou longa distância. Se Davis encurtar e botar para baixo, Evans terá dificuldades no chão, principalmente se cair por baixo. É provável que Rashad vença na experiência. Mas não será nada fácil.
Chael Sonnen (EUA) vs Michael Bisping (ING)
Esta sim é uma luta que vale o title shot para o vencedor, independentemente de quem tenha o braço levantado ao final dos quinze minutos.
“Sonnen fala mal do Brasil”, “Sonnen não respeita os brasileiros”, “Sonnen é um babaca”, “mimimi”. Se você é um dos que pensa assim, devia rever seus conceitos. Para evitar maiores delongas, vamos direto às palavras de Demian Maia, um dos lutadores mais inteligentes do MMA mundial: “É óbvio que não precisa ter mais de dois neurônios para ver que ele está brincando”. Sem entrar no mérito se ele fala sério ou não, devemos saber separar as coisas: Chael Sonnen é um lutador perigoso e merece (muito) respeito dentro do octógono.
O fanfarrão Chael Sonnen compareceu à coletiva com um cinturão falso e arrancou risos
Depois da derrota para Anderson Silva e da suspensão de um ano por doping, Sonnen voltou em outubro. E voltou de modo triunfal, fazendo Brian Stann de boneco de trapo, arremessado ao chão de qualquer modo. Para coroar a atuação dominante, Chael mostrou uma desenvoltura no chão típica de quem aproveitou os doze meses de hiato finalmente aperfeiçoando o jiu-jitsu. O polêmico peso médio não tem trocação técnica, mas aguenda pancada e não tem medo de sangue. Como é fisicamente grande e forte, confia plenamente em seu jogo de quedas que quase vitimou Anderson Silva. Com cartel de 26-11-1 e irregular retrospecto de 5 vitórias em 9 lutas no UFC, Sonnen vai em busca do sonho maior: o cinturão do UFC.
Se o americano é um fanfarrão e falastrão de marca maior, podemos dizer algo semelhante em relação ao britânico. A diferença é que Bisping não tem nada de engraçado. Seu trash talking visa fazer as pessoas acreditarem na versão que apenas ele e a senhora Bisping acreditam: Michael é um lutador fora de série. Não, não é, mas também não é um bundão qualquer.
O “Conde” (apelido que se encaixa perfeitamente no perfil arrogante de Bisping) é técnico em pé, tem bom condicionamento físico e razoável capacidade de defender quedas. Não é um cara diferenciado em nenhum ramo, mas se vira em qualquer situação. Tem um defeito grave: poder de nocaute zero. E isto pode (e deve) lhe custar a luta no sábado.
Enquanto teve gás, Mayhem Miller conseguiu colocar Michael Bisping no chão e mantê-lo ali por algum tempo. Se o tosco do Miller fez, tenha certeza absoluta que Sonnen fará com ainda maior facilidade. Anderson Silva, o striker mais criativo e versátil que o MMA já viu, não foi capaz de manter a luta em pé contra Chael o tempo inteiro. Muito mais limitado que o Spider, Bisping não deverá durar dois minutos sem ser quedado. Sonnen tem condicionamento físico para trabalhar dentro da guarda de Bisping num ritmo intenso e constante, martelando com socos e cotoveladas que, se não nocauteiam, abrem fendas nos oponentes e os deixam debilitados para o restante dos combates.
Fosse uma luta de cinco rounds e talvez Bisping tivesse mais chance. Em quinze minutos, é improvável que o inglês consiga sucesso. Talvez tirar uma submissão da cartola, como o próprio Mike ameaçou que fará – mas nem isto deve ser fácil. Bisping ainda não mostrou grandes talentos neste campo e Sonnen provavelmente não será mais o pato de outras ocasiões, quando caiu em triângulos mil. Sonnen deve comemorar a vitória por decisão na fila do passaporte e do visto brasileiro. Provavelmente ele vai encarar Anderson Silva e 40 mil alucinados no Pacaembu.
Demian Maia (BRA) vs Chris Weidman (EUA)
A contusão de Mark Muñoz tirou Michael Bisping do caminho de Demian. Para substituí-lo, uma carne de pescoço mais enjoada.
Diferente de inglês, Weidman é um wrestler grande e muito forte. Invicto em sete lutas profissionais, o americano sentiu a estreia no UFC, passando um certo aperto contra Alessio Sakara, vencendo-o apenas na decisão. Mostrou evolução enorme nas duas lutas seguintes, submetendo Jesse Bongfeldt e Tom Lawlor no primeiro round. Considerado o principal prospecto na divisão atualmente, o ex-campeão do Ring Of Combat foi terminou em terceiro na Divisão I da NCAA em 2007, ano em que o bicampeão Phil Davis acabou duas posições atrás no mesmo certame. Weidman foi duas vezes all-american e vem aprimorando o jiu-jitsu com Matt Serra e a trocação com Ray Longo. No ADCC 2009, o americano chegou perto de submeter o ás André Galvão, um dos melhores grapplers da história, em duas oportunidades, antes de ser superado por pontos num combate cheio de alternativas.
Ok, Weidman apagou o faixa preta Tom Lawlor. O problema é que Demian é FAIXA PRETA. Campeão mundial de jiu-jitsu, campeão do ADCC, o paulista é atualmente um dos maiores mestres no jogo de submissões do MMA. Os constantes treinos com Luiz Dórea visivelmente evoluíram a capacidade de Demian trocar em pé. E isto tem sido útil, já que sua última vitória sem ser por decisão já tem quase dois anos – contra Chael Sonnen. Desde então ele chegou ao final em todas as lutas que venceu. Foi nocauteado por Nate Marquardt mas durou todo o tempo contra Anderson e Muñoz. O fato de não ter conseguido finalizar Mario Miranda, Dan Miller, Kendall Grove e Jorge Santiago prova que os oponentes respeitam muito o jiu-jitsu de Maia.
Podemos esperar (e devemos torcer) por um combate no solo. Weidman é grande, forte e técnico o suficiente para conseguir cair por cima. Demian é craque e perigoso onde a maioria se sente em situação precária. Enquanto o brasileiro terá que minimizar os efeitos do ground and pound do americano, Chris terá que se cuidar com as investidas de Maia no chão. Caso o combate transcorra por mais tempo em pé, o americano leva pequena vantagem. Porém se Demian partiu para cima de Anderson em certo momento no UFC 112, não tem porque temer Weidman.
Do ponto de vista técnico, esta luta tem tudo para ser a melhor da noite. A evolução técnica e o condicionamento atlético do americano devem lhe garantir uma vitória por decisão numa luta com muitas reviravoltas.
Outro combate que vale vaga em disputa de cinturão, neste caso para ambos os atletas, acontecerá entre os fanfarrões pesos médios Chael Sonnen e Michael Bisping. O vencedor vai encarar o campeão Anderson Silva.
A luta que vai abrir a porção transmitida pela FOX nos EUA será entre os médios Demian Maia e Chris Weidman, em confronto que deixará o vencedor bem posicionado entre os dez melhores da categoria.
O canal Combate fará a transmissão ao vivo de todas as lutas, inclusive as do card preliminar, a partir das 20:00h deste sábado.
Rashad Evans (EUA) vs Phil Davis (EUA)
Pelo menos para um dos envolvidos, a luta será um title eliminator. Mas não se surpreenda se acabar se tornando para ambos.
Rashad é um dos atletas de elite do MMA mundial menos compreendidos pelos fãs. Com 18 lutas profissionais, só saiu derrotado uma vez, quando perdeu o cinturão do UFC para Lyoto Machida, e empatou outra, com Tito Ortiz, ainda na fase relevante do ex-campeão. Campeão do TUF 2 entre os pesados, Evans é pequeno até para a categoria atual. Mesmo com um retrospecto tão favorável, há quem o considere enganador ou outro adjetivo que o menospreze.
Wrestler de origem, Rashad passou a tomar gosto pelo boxe e pelos nocautes até ter o novo estilo colocado em risco por Machida. A derrota de 2009 o fez adotar um jogo mais seguro: venceu Rampage e Thiago Silva abusando das quedas e do ground and pound. Trocou de equipe e passou a treinar com os Blackzilians da Imperial Athletics. A mudança surtiu efeito na luta seguinte, quando recebeu Ortiz (que substituiu o próprio Davis no UFC 133) de presente e vingou o amargo empate anterior. Com uma atuação de gala, passou o carro no ex-campeão do jeito que quis, mostrando superioridade técnica e física, nocauteando-o no segundo round.
Se Rashad é mal compreendido pelos fãs, Phil o é pelo próprio adversário. Evans falou que viu Davis em competições universitárias de wrestling. Disse que o rival disputou uma divisão fraca. Bom, ou ele viu mal ou estava mal informado. Davis foi contemporâneo de Ryan Bader e Chris Weidman, dentre outros, na época de Divisão I da NCAA. Foi vice-campeão nacional pela Penn State University em 2006, campeão em 2008 e all-american por quatro anos consecutivos, de 2005 a 2008. A brilhante trajetória universitária lhe rendeu o apelido que carrega até hoje: “Mr. Wonderful” (Senhor Maravilhoso).
Com sua nada tradicional sunguinha rosa, Davis chegou de mansinho ao UFC. Estreou em fevereiro de 2010 vencendo o “mão pesada” Brian Stann, submeteu em seguida o prospecto em crescimento Alexander Gustafsson e passou pelo ninguém Rodney Wallace. Chamou a atenção dos especialistas pelo estilo técnico e dominante. Mas foram nas últimas duas lutas que as pessoas pararam e falaram: “É, este cara é pra valer mesmo”. Contra Tim Boetsch, uma americana tirada da cartola e aplicada nas costas do oponente valeu a Davis o bônus de melhor submissão do UFC 123. Em seguida dominou o experiente Rogério Minotouro por três rounds, impondo seu jogo de quedas. A campanha o levou ao top-10 da talentosa categoria, fazendo com que muita gente o colocasse como o futuro cara a bater o então também prospecto Jon Jones. Davis tem hoje cartel de 9-0, com 5 vitórias no UFC.
Davis tem algumas vantagens físicas sobre Evans. É mais quase 10 centímetros mais alto, tem maior envergadura e é mais forte. Acontece que todos os adversários do pequeno Rashad tinham vantagens semelhantes e apenas um saiu vitorioso. O ex-campeão supera as dificuldades com velocidade, movimentação e precisão nas entradas. Rashad mostrou várias vezes também que é capaz de nocautear um oponente, seja com um soco ou chute, capacidade ainda não mostrada por Davis, que também não tem a experiência do oponente nem foi visto em situação adversa. Em compensação, este sabe variar bem os ataques e domina o clinch como poucos. No chão, é versátil o suficiente para buscar sempre a melhor posição, com passagens de guarda e bons ataques.
O wrestling deve decidir a parada. Na coletiva desta quinta, Rashad disse que a habilidade de Phil na luta olímpica era “um lixo”. Davis retrucou dizendo que o oponente deveria estar “usando drogas pesadas”. Por mais paradoxal que pareça, será vantagem para Rashad aproveitar a velocidade e manter a luta em pé, na média ou longa distância. Se Davis encurtar e botar para baixo, Evans terá dificuldades no chão, principalmente se cair por baixo. É provável que Rashad vença na experiência. Mas não será nada fácil.
Chael Sonnen (EUA) vs Michael Bisping (ING)
Esta sim é uma luta que vale o title shot para o vencedor, independentemente de quem tenha o braço levantado ao final dos quinze minutos.
“Sonnen fala mal do Brasil”, “Sonnen não respeita os brasileiros”, “Sonnen é um babaca”, “mimimi”. Se você é um dos que pensa assim, devia rever seus conceitos. Para evitar maiores delongas, vamos direto às palavras de Demian Maia, um dos lutadores mais inteligentes do MMA mundial: “É óbvio que não precisa ter mais de dois neurônios para ver que ele está brincando”. Sem entrar no mérito se ele fala sério ou não, devemos saber separar as coisas: Chael Sonnen é um lutador perigoso e merece (muito) respeito dentro do octógono.
O fanfarrão Chael Sonnen compareceu à coletiva com um cinturão falso e arrancou risos
Depois da derrota para Anderson Silva e da suspensão de um ano por doping, Sonnen voltou em outubro. E voltou de modo triunfal, fazendo Brian Stann de boneco de trapo, arremessado ao chão de qualquer modo. Para coroar a atuação dominante, Chael mostrou uma desenvoltura no chão típica de quem aproveitou os doze meses de hiato finalmente aperfeiçoando o jiu-jitsu. O polêmico peso médio não tem trocação técnica, mas aguenda pancada e não tem medo de sangue. Como é fisicamente grande e forte, confia plenamente em seu jogo de quedas que quase vitimou Anderson Silva. Com cartel de 26-11-1 e irregular retrospecto de 5 vitórias em 9 lutas no UFC, Sonnen vai em busca do sonho maior: o cinturão do UFC.
Se o americano é um fanfarrão e falastrão de marca maior, podemos dizer algo semelhante em relação ao britânico. A diferença é que Bisping não tem nada de engraçado. Seu trash talking visa fazer as pessoas acreditarem na versão que apenas ele e a senhora Bisping acreditam: Michael é um lutador fora de série. Não, não é, mas também não é um bundão qualquer.
O “Conde” (apelido que se encaixa perfeitamente no perfil arrogante de Bisping) é técnico em pé, tem bom condicionamento físico e razoável capacidade de defender quedas. Não é um cara diferenciado em nenhum ramo, mas se vira em qualquer situação. Tem um defeito grave: poder de nocaute zero. E isto pode (e deve) lhe custar a luta no sábado.
Enquanto teve gás, Mayhem Miller conseguiu colocar Michael Bisping no chão e mantê-lo ali por algum tempo. Se o tosco do Miller fez, tenha certeza absoluta que Sonnen fará com ainda maior facilidade. Anderson Silva, o striker mais criativo e versátil que o MMA já viu, não foi capaz de manter a luta em pé contra Chael o tempo inteiro. Muito mais limitado que o Spider, Bisping não deverá durar dois minutos sem ser quedado. Sonnen tem condicionamento físico para trabalhar dentro da guarda de Bisping num ritmo intenso e constante, martelando com socos e cotoveladas que, se não nocauteiam, abrem fendas nos oponentes e os deixam debilitados para o restante dos combates.
Fosse uma luta de cinco rounds e talvez Bisping tivesse mais chance. Em quinze minutos, é improvável que o inglês consiga sucesso. Talvez tirar uma submissão da cartola, como o próprio Mike ameaçou que fará – mas nem isto deve ser fácil. Bisping ainda não mostrou grandes talentos neste campo e Sonnen provavelmente não será mais o pato de outras ocasiões, quando caiu em triângulos mil. Sonnen deve comemorar a vitória por decisão na fila do passaporte e do visto brasileiro. Provavelmente ele vai encarar Anderson Silva e 40 mil alucinados no Pacaembu.
Demian Maia (BRA) vs Chris Weidman (EUA)
A contusão de Mark Muñoz tirou Michael Bisping do caminho de Demian. Para substituí-lo, uma carne de pescoço mais enjoada.
Diferente de inglês, Weidman é um wrestler grande e muito forte. Invicto em sete lutas profissionais, o americano sentiu a estreia no UFC, passando um certo aperto contra Alessio Sakara, vencendo-o apenas na decisão. Mostrou evolução enorme nas duas lutas seguintes, submetendo Jesse Bongfeldt e Tom Lawlor no primeiro round. Considerado o principal prospecto na divisão atualmente, o ex-campeão do Ring Of Combat foi terminou em terceiro na Divisão I da NCAA em 2007, ano em que o bicampeão Phil Davis acabou duas posições atrás no mesmo certame. Weidman foi duas vezes all-american e vem aprimorando o jiu-jitsu com Matt Serra e a trocação com Ray Longo. No ADCC 2009, o americano chegou perto de submeter o ás André Galvão, um dos melhores grapplers da história, em duas oportunidades, antes de ser superado por pontos num combate cheio de alternativas.
Ok, Weidman apagou o faixa preta Tom Lawlor. O problema é que Demian é FAIXA PRETA. Campeão mundial de jiu-jitsu, campeão do ADCC, o paulista é atualmente um dos maiores mestres no jogo de submissões do MMA. Os constantes treinos com Luiz Dórea visivelmente evoluíram a capacidade de Demian trocar em pé. E isto tem sido útil, já que sua última vitória sem ser por decisão já tem quase dois anos – contra Chael Sonnen. Desde então ele chegou ao final em todas as lutas que venceu. Foi nocauteado por Nate Marquardt mas durou todo o tempo contra Anderson e Muñoz. O fato de não ter conseguido finalizar Mario Miranda, Dan Miller, Kendall Grove e Jorge Santiago prova que os oponentes respeitam muito o jiu-jitsu de Maia.
Podemos esperar (e devemos torcer) por um combate no solo. Weidman é grande, forte e técnico o suficiente para conseguir cair por cima. Demian é craque e perigoso onde a maioria se sente em situação precária. Enquanto o brasileiro terá que minimizar os efeitos do ground and pound do americano, Chris terá que se cuidar com as investidas de Maia no chão. Caso o combate transcorra por mais tempo em pé, o americano leva pequena vantagem. Porém se Demian partiu para cima de Anderson em certo momento no UFC 112, não tem porque temer Weidman.
Do ponto de vista técnico, esta luta tem tudo para ser a melhor da noite. A evolução técnica e o condicionamento atlético do americano devem lhe garantir uma vitória por decisão numa luta com muitas reviravoltas.
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